quarta-feira, 7 de setembro de 2011

MAURÍCIO IELO, PRA SEMPRE


é, a fila sempre anda, e eu não aprendo a lidar com as perdas. e elas são tantas, sempre, em diferentes níveis, patamares, em metáforas tão reais como a vida, e reais literalmente há tempos, sem obter resposta de e-mails, temia pela morte do maurício. e hoje, praticamente um ano depois da morte dele, tenho a confirmação. estou com dor, sem ar, e com uma vontade enorme de gritar a amizade linda que tivemos juntos, e de certa forma, falhei, principalmente pela distância. mudei para caxambu e ele permaneceu em são paulo. quanta impotência diante o tempo, a distância que os quilômetros impuseram a nós. com ele s

empre na lembrança, a voz grave de tenor, os risos, as piadas e as tiradas sacanas. ielo e seus jantares fantásticos, sua mente e inteligência geniais, suas músicas. quanta coisa morreu com ele, meu deus. quanta coisa!... inclusive a defesa por um jornalismo limpo, ético, justo... ah, maurício, em parcos 56 anos... quem pode com isso?! tão novo ainda...


Ielo (à dir) conversa com Paulo da Tarde, no primeiro encontro da turma da ECA-72

"é tão estranho, os bons morrem jovens...". lamento não tê-lo visto ainda em vida. é tanta coisa que vem em mente que a voz embarga com os pensamentos. o choro vem um ano depois. ah, deus. maurício sempre me reservou surpresas, e agora mais essa. dói, não aguento porque ele era amigo especial. a vida é mesmo um sopro. resta o melhor dele em carne-viva para todo o sempre. dói, dói demais. não aguento mais tantas perdas. dói. muito, profundamente. dói, mau. essa foi demais. você venceu. eu perdi. saudades, mau. levo você, que amava tanto o partidão, na cabeça e no coração. ai. dói.


Perdemos Maurício Ielo

Esse espaço tem sido marcado por ótimos momentos, de reencontros e consolidação de amizades. Mas, não há alegria que sempre dure. E nem adianta completar o dito popular.

O triste é que perdemos mais um colega da turma de 72. Maurício Ielo, o inesquecível Brancaleone, que estudou Editoração e depois enveredou pelo Jornalismo, faleceu hoje, sexta-feira, pela manhã, aos 56 anos. O velório será no Cemitério do Araçá, a partir das 16h. O corpo será cremado amanhã, às 8h. Ielo deixa as filhas Marina, 30 anos, Diana, 28, e o neto Pablo, 7.

Maurício foi um dos mais destacados jornalistas do turfe brasileiro. Foi editor de Turfe do Estadão durante quinze anos e sócio-fundador da revista Turf Brasil. Trabalhou também em A Gazeta e A Gazeta Esportiva. Ele não resistiu às complicações de uma cirurgia cardíaca a que havia se submetido na última quarta-feira.

Maurício tinha confirmado sua presença no segundo encontro no final de julho, mas os problemas de saúde, que depois se agravaram, o impediram de comparecer.

Para quem não o conheceu ou não se lembra, Ielo, dono de uma voz potente, fazia dupla com Sergio Gomes, do Centro Acadêmico, e atravessava corredores e pátio da ECA bradando o grito de guerra de Brancaleone, personagem principal do filme de Mario Monicelli, interpretado por Vittorio Gassman, que fez grande sucesso na época. “É Branca, é branca, é branca, leone, leone, leone!”

Saudades, Ielo.

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comentário de betsy neila, companheira do mau nos últimos anos

O Maurício tinha orgulho da turma da Eca, vivia contando as histórias da faculdade e descrevia sempre o ponto forte de cada um. Quando recebia o convite para um encontro ficava eufórico, sabendo da importância de reencontrar amigos e reviver os bons e marcantes momentos, componentes fundamentais de sua história. Quando mudamos para a Bela Vista, em abril deste ano, repetia sempre: Completei o ciclo do poeta, Brás, Barra Funda e Bixiga.
O Maurício continuava brincalhão, amigo, contador de histórias ( sempre com o ‘E Mais’ nas frases), extremamente comprometido com prazos e horários, cheio de idéias, com sede de vida, conhecimento e inflamado. Ele pouco dormia, pois tinha de se dedicar a um assunto novo sempre.
Com mil planos, queria sarar logo para deixar de perder tempo com hospital e voltar a escrever e pesquisar com toda sua força.
Como jornalista, foi um privilégio ouvir suas histórias todos os dias, presente de Deus mesmo. Impossível dimensionar o conhecimento do Maurício, reforçado todos os dias.
Maurício Ielo, um defensor dos princípios, dos amigos, da família. da boa comida italiana e principalmente, do jornalismo limpo, na melhor essência de nossa profissão.
“O importante não é estar aqui ou ali, mas ser. E ser é uma ciência delicada, feita de pequenas-grandes observações do cotidiano, dentro e fora da gente. Se não executarmos essas observações, não chegamos a ser: apenas estamos, e desaparecemos.” Carlos Drummond de Andrade
Mau, obrigada por ser todos os dias.
Betsy Neila

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