sexta-feira, 10 de fevereiro de 2006

Juros comerciais em alta, apesar da redução da Selic

Por Ana Laura Diniz
Diário do Comércio

Apesar da contínua redução na taxa básica de juros, a Selic, desde dezembro do ano passado os bancos não alteram o índice cobrado pelas principais linhas de crédito para pessoa jurídica. O Unibanco, uma das cinco instituições financeiras pesquisadas pela reportagem do Diário do Comércio, é o que oferece a taxa de cheque especial máxima mais elevada, entre 4,2% e 9%. Em seguida estão o Bradesco, com taxa única de 8,23%; Banco do Brasil, de 7,5% a 8%; Nossa Caixa, de 5,03% a 7,55%; e HSBC, de 4,5% a 7,5%.

O Unibanco só perde para as demais instituições na taxa de capital de giro, que oscila de 3,5% a 4,87%. A instituição fica atrás apenas do HSBC, que trabalha na mínima de 1,92%, podendo chegar a 5%. O índice da Nossa Caixa oscila entre 3,22% a 4,95%, de acordo com o plano utilizado pela instituição financeira na modalidade Capital Giro – Retorno Único, que tem prazo de até 60 dias. Já o Bradesco oferece uma taxa de 3,56% e o Banco do Brasil, 2,72%, ambos índices voltados para o segmento de micros e pequenas empresas.

Líder – O Unibanco lidera também o ranking das taxas mais caras quando o serviço oferecido é o desconto de cheques – os índices variam de 2,9% a 4%. Logo depois vem o HSBC, com taxas que oscilam entre 2,24% e 3,7%; seguido pelo Bradesco, 3,56%; Nossa Caixa, de 2,24% a 3,5%; e Banco do Brasil, 2%.

As mesmas taxas se repetem para o desconto de duplicatas, exceto as utilizadas pelo HSBC, que variam de 2,2% a 3,7%, e pela Nossa Caixa, com mínima de 2,22% e máxima de 3,5%. Os bancos Itaú, Real e Santander não quiseram informar as taxas.

De acordo com o professor-doutor do Departamento de Economia da PUC-SP, Antonio Corrêa de Lacerda, a tendência dos bancos é de manutenção do patamar desses índices, uma vez que não há interesse por parte das instituições em reduzir suas margens de lucro. "O abuso das instituições financeiras é generalizado. Isso acontece porque o mercado é controlado por poucos bancos", disse.

O economista reforça que muitos banqueiros alegam que os juros comerciais são compostos por várias taxas (como o spread), além da Selic. Daí a justificativa de não reduzir, quando a taxa básica cai.

Na opinião de Lacerda, seria preciso uma política governamental mais incisiva de redução dos juros comerciais nos bancos públicos. Eles conseguiriam promover uma revolução no cenário econômico. "Caso eles baixassem seus índices, estimulariam a competitividade e forçariam uma redução em todas as taxas. No entanto, o governo tem medo de uma possível explosão do consumo", finalizou.

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