segunda-feira, 23 de maio de 2011

sem título

releio clarice.
porque dói, fere, afaga, acaricia
e faz pensar.
releio clarice
porque me faz amar.
é, por egoísmo assumido, leio clarice.
clarice.
cla-ri-ce.
gosto de falar seu nome repetidas vezes.
gosto de pensar na figura que foi.
imagino a sua mão, o seu olhar de soslaio,
a sua palavra ferina, às vezes
é assim que te pinto.
a desconstrução da matéria dentro da
matéria.
a construção daquilo que ainda não
surgiu. e, por ventura, existirá dia
algum.
o côncavo no convexo. a fuga do
lugar-comum. assim. sentada
na mesa do bar.
unhas vermelhas, bem feitas.
fumando, fumando, fumando.
um copo de martini.
não, doce demais.
whisky. para acompanhar,
silêncio. na fala, não no olhar.
tudo é obra. tudo.
o que se vê. o que não nota.
tudo é gente, desconstrução.
.
.
.
não tente entender o que não foi
feito para isso.

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