segunda-feira, 7 de setembro de 2009

[fragmentos de álvaro de campos]

"No fim de tudo dormir
No fim de quê?
No fim do que tudo parece ser...
Este pequeno universo provinciano entre os astros,
Esta aldeola do espaço,
E não só do espaço visível, mas até do espaço total."

*

(...) "Encostei-me para trás na cadeira de convés e fechei os olhos,
E o meu destino apareceu-me na alma como um precipício.
A minha vida passada misturou-se com a futura,
E houve no meio um ruído do salão de fumo,
Onde, aos meus ouvidos, acabara a partida de xadrez (...)"

*

"(...) Vi todas as coisas, e maravilhei-me de tudo,
Mas tudo ou sobrou ou foi pouco - não sei qual - e eu sofri.
Vivi todas as emoções, todos os pensamentos, todos os gestos,
E fiquei tão triste como se tivesse querido vivê-los e não conseguisse.
Amei e odiei como toda a gente,
Mas para toda a gente isso foi normal e instintivo,
E para mim foi sempre a exceção, o choque, o espasmo.
Vem, ó noite, e apaga-me (...)"

*

e eu amo Fernando Pessoa.

*

"Boa noite na Austrália."

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