quarta-feira, 26 de setembro de 2007

palavras às vezes formam frases que machucam

estilhaço no rosto, navalha na carne, estilingada na bunda. tudo isso doía menos em marina que a indiferença que (parecia por gosto) raul bebia e vomitava. "nada justifica essa frieza", pensava marina. "eu te amo" sem qualquer resposta. nem os três dias que passaram sem ele por perto - aliás, não por opção dela. camelos também choram. nada fazia muito sentido ou sentido algum. partir, ficar, estar, ser. não é natural ao findar do dia os amantes se olharem e compartilharem apenas o dia que se foi? e agradecerem em silêncio a presença um do outro, que não se faz somente na proximidade física, mas principalmente astral? e o abraço laçado por um beijo inevitavelmente ocorre se estiverem próximos. é nesse momento que todo e qualquer encontro faz sentido. na compreensão e na valorização da existência e do outro. "é... mas certas coisas machucavam demais", sentia marina. demais. "e não há por quê, verdadeiramente. toda viagem está associada a uma estranheza na volta", falava com os seus botões. e raul era implacável: "foram tantos dias sozinho que tenho que me reacostumar de novo". ora. reacostumar com o quê?! com a presença de marina???!!! ai, como isso doía nela. marina tentava se convencer de que o comentário era típico de homem, embora ela tivesse amigos que não agiam assim. homens... ah, quem poderia ser tão insensível? mas acabava por pensar que ele dizia essas coisas por querer, para machucar profundamente, de jeitinho. e o pior é que conseguia. raul sabia que conseguia. consciente ou inconscientemente, era impossível não saber. era simplesmente se colocar no lugar dela. e se fosse o contrário? gostaria ele de ouvir aquelas coisas? marina não expressava em palavras, mas o rosto dela a tudo dizia. e invariavelmente ela se sentia um zero à esquerda nessas horas, porque tanto fazia se ela estava presente, de volta, já que ele agiria friamente, distante, sem uma palavra de amor ou carinho, nada ali demonstraria a alegria pelo retorno dela. e ela pensava em coisas que seria incapaz de expressar. mas sentia, sentia tanto. pensava: "três dias. para ele, quatro. mas que fosse uma semana, duas semanas, um mês". o que ela achava incrível mesmo é como apenas esses dias podiam mudar as palavras, as promessas de dias eternos, as juras de amor. "fora daí, desses comportamentos masculinos que vinícius dissera sobre o tal posto que é chama?"... marina não sabe responder. porque não entende. e dificilmente entenderá um dia essa conduta que de alguma forma aprisiona - na rotina, na solidão - e entristece. e como a entristece.

3 comentários:

Anônimo disse...

Vc eh a Ana Laura professora do laser?

aki eh o fael.. 1° B

c for me reposnde
thanks

blog da hora

Anônimo disse...

Opa

agora eu vi sua foto ali em baixo

tenho certeza

eh vc msma

hahaha
!

quando eu tiver um tempinho vo ler aki as materias de seu blog..agora sao 23:58 to arrumando o meu blog.

abraço!

disse...

"palavras não são más, palavras não são boas"

Amo.