quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007

da série: contradições insuportáveis

li no blog da
  • rosely sayão
  • e aqui reproduzo, na íntegra, com todos os direitos da autora.


    TV e fuso horário

    Uma matéria do Daniel Castro na Folha de hoje diz que as novas regras de classificação indicativa da programação de TV foram publicadas ontem no Diário Oficial da União.
    Há muita discussão a respeito dessa nova portaria: alguns acreditam que se trata de censura, outros não. Mas, hoje, quero comentar apenas um detalhe dessa questão: a que trata da obrigatoriedade do respeito aos fusos horários do país.


    Acreditem: as TVs são contra essa medida. Por quê? Ora, porque, para as emissoras, isso dá muito trabalho, gasto e, provavelmente, prejuízo. Para entender melhor a situação, vamos a um exemplo: uma afiliada de qualquer uma das emissoras que está localizada num estado que não segue o mesmo fuso de Brasília precisará gravar a programação para exibi-la depois, no horário local adequado. Mas que coisa, não?

    Atualmente, o horário que vale para a exibição da programação é o de Brasília. Assim - como exemplifica Daniel Castro na matéria citada - a Globo exibe, no Acre, a novela das oito às 18h locais no período em que vigora o horário de verão.

    Não é um absurdo essa discussão? O horário considerado livre vai até 20h o que, vamos reconhecer, é bem sensato. Qualquer criança está acordada e assiste à programação nesse horário. Pois sem o respeito ao fuso, a criançada de alguns estados fica totalmente exposta à programação considerada inadequada para o horário em pleno final da tarde! E o que determina que um programa seja livre ou impróprio para menores de 12, 14, 16 anos? O grau de sexo e violência apresentados, claro.

    Essa posição das emissoras de TV me causa enjôo por serem hipócritas. Em nome da luta pela “proteção da criança” e da sociedade exploram a discussão a respeito da maioridade penal quando ocorre um crime bárbaro - como o que matou um garoto de seis anos em que estaria envolvido um adolescente - e, ao mesmo tempo, não querem proteger as crianças de alguns estados de uma programação inadequada para elas. Algumas contradições são insuportáveis, não são?

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